Marcelinho rói o osso por 12 anos e vira herói no caminho para Londres
Cestinha do jogo decisivo contra a Dominicana, ala do Flamengo chora ao ser homenageado por Huertas e é apontado como mentor na seleção brasileira
Marcelinho Machado no jogo decisivo contra a Dominicana (Foto: EFE)
Aos 36 anos, é hora de estrear. Para quem rói o osso há mais de uma década na seleção, Marcelinho Machado finalmente ganhou a chance de fazer o que sempre quis: jogar as Olimpíadas. E a ficha foi caindo aos poucos na noite de sábado, quando o Brasil bateu a República Dominicana em Mar del Plata e quebrou um jejum de 15 anos para se classificar a Londres-2012. Apontado como vilão em diversos momentos da carreira, foi ele o cestinha do jogo decisivo. Sentado à mesa da entrevista coletiva pouco após a partida, ele não conseguiu segurar as lágrimas quando o xará Huertas, ao seu lado, começou a falar:
- Por mais que eu seja a voz do Rubén Magnano dentro da quadra, devo muito a esse cara que eu tenho aqui do meu lado. Desde que cheguei à seleção, há oito anos, o tratamento que ele tem com todos os jovens é incrível. Muita gente critica sem saber quem é o Marcelinho Machado. Apesar de não ser o capitão, é o cara que tem a maior experiência. Devia ser muito mais respeitado. Tenho que agradecer por tudo que ele fez por mim – disse Huertas, àquela altura aplaudido por todos os companheiros que estavam à sua volta, e com o veterano chorando sem parar.
10/09/2011 08h05 - Atualizado em 10/09/2011 08h05
Brasil tem duas horas para apagar 15 anos de drama e voltar às Olimpíadas
Seleção pega a República Dominicana às 19h na semifinal da Copa América, que vale vaga nos Jogos de Londres e fim de jejum que se arrasta desde 1996
Marcelinho Huertas no jogo da primeira fase contra a República Dominicana (Foto: EFE)
Há 15 anos, era outro mundo. Um ET assustava a pequena Varginha, vacas loucas assustavam refeições na Inglaterra. Kobe Bryant era um calouro na NBA, William Bonner era um calouro na bancada do Jornal Nacional. O punk dos Ramones se despedia dos palcos, o pop de Shakira se apresentava ao planeta. E o basquete masculino do Brasil ainda se orgulhava de pisar no solo mais nobre do esporte mundial. De lá para cá, a modalidade mergulhou num jejum amargo. Depois de atravessar quatro ciclos olímpicos e 140 mil horas de frustração, serão apenas duas na noite deste sábado. Duas horas de bola quicando para recuperar o orgulho.
Às 19h, a seleção brasileira enfrenta a República Dominicana na semifinal da Copa América de Mar del Plata. Simples assim: quem vencer garante a vaga nos Jogos de Londres-2012, e quem perder cai na enrascada da repescagem no ano que vem. O SporTV transmite a partida decisiva ao vivo, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real. Na sequência, às 21h15m, a segunda classificação olímpica será disputada por Argentina e Porto Rico.
Após ser barrado na porta nos três Pré-Olímpicos anteriores, o Brasil chega ao duelo deste sábado com uma força que não tinha desde a última participação nos Jogos, em Atlanta-1996, ainda com a geração de Oscar Schmidt. Na primeira fase em Mar del Plata, é verdade, o único tropeço foi diante dos dominicanos. Dali em diante, contudo, a equipe de Rubén Magnano cresceu, bateu a Argentina com autoridade, atropelou Porto Rico e chega completa à semifinal decisiva. O rival, que perdeu o armador Sosa com uma fratura exposta na perna direita, caiu de rendimento na reta final da segunda fase e, segundo seu próprio técnico, John Calipari, entra em quadra como azarão.
10/09/2011 10h30 - Atualizado em 10/09/2011 10h30
Marcelinho avisa: ‘Temos que entrar como se fosse contra o Dream Team’
Após bater três vezes na trave, ala de 36 anos enfrenta a Dominicana neste sábado e tem sua melhor chance de conseguir uma vaga nas Olimpíadas
Em 2008, quando o Brasil esbarrou em Dirk Nowitzki e ficou fora dos Jogos de Pequim, a frustração levou Marcelinho Machado a descartar a permanência na seleção pelo ciclo olímpico seguinte. “Sem chance”, cravou. Se a promessa fosse mantida, ele provavelmente teria acordado neste sábado no Rio de Janeiro, curtindo o filho Gustavo, que acaba de fazer 3 anos. Pois Marcelinho está em Mar del Plata e se levantou neste 10 de setembro sabendo que pode ser o dia mais importante da sua carreira. Às 19h, ele entra no ginásio Ilhas Malvinas com a camisa da seleção para pegar a República Dominicana. Em jogo, a vaga em Londres-2012. O rival atravessa momento ruim na Copa América, mas será encarado como se fosse o melhor de todos.
Marcelinho Machado luta para ir às Olimpíadas desde 1999; no sábado, tem sua melhor chance